Assim não me esqueço de nada... penso...

Jogo de Identidades

Será que os Estimulantes Cerebrais se encontram ao alcance de qualquer pessoa?

Conhece o nosso Jogo de Identidades e obtém uma resposta... 


Por: Bárbara Costa

Com o intuito de compreender as facilidades de compra e venda de estimulantes cerebrais no mercado, o nosso grupo decidiu realizar um trabalho de investigação através do desenvolvimento do “Jogo de Identidades”. Neste âmbito, criámos uma entidade fictícia para a qual criámos um e-mail. Esta entidade dá pelo nome de Joana e é, supostamente, uma estudante menor que pretende adquirir algum tipo de substância que lhe permita rentabilizar o estudo. Com efeito, entrámos em contacto com lojas on-line de venda de suplementos. No entanto, tal estratégia de obter informação não se revelou útil. Os proprietários do site não respondiam às perguntas que impúnhamos via correio electrónico e exigiam que fizessem os login, revelando vários dados extremamente pessoais.
 Devido a todas estas limitações, achámos pertinente redireccionar este nosso trabalho de investigação. Assim sendo, dirigimo-nos às ervanárias locais em conjunto. Os donos destas sentiram-se reticentes  em fornecer qualquer tipo de informação ao se depararem com tanta gente. Por esta altura, considerámos em desistir. No entanto, acreditei que deveríamos perspectivar uma nova tentativa. Desta vez, apenas um de nós se dirigiria à ervanária em questão. Fiquei incumbida de tal tarefa.
No dia 29 de Março de 2011, dirigi-me, a passos hesitantes a uma ervanária a poucos metros da nossa escola. No caminho, tracei todo o meu discurso. Chegada lá, deparei-me com uma senhora já de certa idade com um aspecto zen e tranquilo. Dirigi-me a ela. Disse-lhe andar à procura de um suplemento que me ajudasse a rentabilizar o meu estudo e a melhorar a minha performance escolar. Informei-a de que pretendia estudar horas intensivas sem me sentir cansada pois esta era a única forma de ser bem sucedida. O seu primeiro comentário foi: “tenho umas ampolas ideais para ti!”. Rapidamente mas mostrou. Disse-me ainda que tais ampolas eram um cocktail de minerais e ervas. Na sua composição constava “gingko biloba” em adição com inúmeros minerais e vitaminas, como zinco, ferro, vitamina a e d, entre outros. Garantiu-me que o consumo de tais ampolas me confeririam um grau de energia nunca antes sentido e que me permitiriam resistir a várias “directas” sem me sentir cansada. Mostrei-me entusiasmada. A senhora ainda referiu, que caso me desse bem com tal suplemento, poderia, posteriormente, aconselhar-me um mais forte que poderia tomar em épocas de maior cansaço. Em seguida, perguntei-lhe o preço da primeira substância. Disse-me que um conjunto de 20 ampolas (2/dia) me ficaria num total de 8 euros. Perguntei-lhe acerca dos efeitos secundários. Esta disse, num tom despreocupado: “Não te preocupes querida. É extremamente raro sentir algum tipo de efeito indesejável e, nos casos em que acontece, são tão subtis que até os podes ignorar”. Fiquei chocada com tal comentário!
Seguidamente, disse-lhe que voltaria mais tarde para adquirir uma caixa das respectivas ampolas, pois neste momento não tinha dinheiro suficiente. Antes de sair, perguntei-lhe ainda “Não é necessário trazer o meu BI ou algum comprovativo de que sou maior de idade?”. Esta replicou “Não querida! Nada disso… És maior de idade, certo? Acredito em ti. Caso não o sejas, também não preciso de o saber!”. Agradeci a amabilidade, sorri e sai, tentando esconder a minha perplexidade.
Regressei à escola. Pelo caminho tentei arquitectar todas as conclusões decorrentes deste nosso “Jogo de Identidades”. Ao que parece:
®                Há venda directamente ao público de estimulantes cerebrais através, não só das farmácias, mas também das ervanárias locais;
®       Neste tipo de estabelecimento há venda de estimulantes de várias naturezas, nomeadamente ervas, minerais e vitaminas;
®       Os proprietários das ervanárias não parecem ter qualquer tipo de formação e ignoram efeitos secundários decorrentes do consumo de “smart drugs”;
®             Neste tipo de lojas o consumo de estimulantes cerebrais é bastante incentivado, proliferando o mito de que o consumo de estimulantes cerebrais aumenta todas as nossas potencialidades;
®            Nestes estabelecimentos a compra de dopantes é facilitado. Qualquer jovem pode ter acesso a estes pois não é exigido a apresentação de BI ou qualquer comprovativo de idade.
No meu entender, esta experiência de investigação foi bastante enriquecedora. Penso que termos calendarizado uma actividade desta natureza foi extremamente útil pois forneceu-nos informações que, de outra maneira, nunca obteríamos. A mais importante conclusão que retiro desta experiência é a de que não há qualquer tipo de controlo na compra e venda de estimulantes cerebrais a estudantes, principalmente a menores. Tal facto expõe os jovens consumidores a vários perigos sem que estes tenham consciência dos condicionalismos decorrentes do consumo de “smart drugs”. Esta é mais uma prova da necessidade urgente de esclarecer os jovens relativamente a esta realidade. Esta é mais uma prova de que é crucial investir na educação e sensibilização de jovens estudantes.

 

Copyright © Doping Intelectual. Blog created by Grupo 1 from 12º C
Escola Secundário Camilo Castelo Branco | Vila Real